sábado, 15 de janeiro de 2011

ONDE ESTÁ O SUCESSO?


 
Faz muito tempo que trabalho com música.

Nos últimos 10 anos passei a me debater com um pensamento recorrente: por que alguns artistas fazem um sucesso estrondoso e outros, que também possuem talento, não conseguem projetar a sua música para o grande público?

A minha explicação, quando alguém me perguntava, era a seguinte: “ah o artista sai com uma verba milionária de divulgação e um aparato de marketing monstruoso, que a gravadora bota na parada”.

Ok! Isso até vale... Mas até certo ponto. Existem inúmeros exemplos de artistas que tiveram as tais verbas e não se perpetuaram! (sem falar que isso não explicaria os sucessos regionais, já que gravadoras de menor porte também não possuem verbas grandes).

A explicação disso? Eu, não sabia. Quando o interlocutor levava a conversa até aí eu dizia: “bom... de um determinado ponto em diante não existe mais explicação, é coisa de sorte ou magia do cara, e etc... E por aí ficava a coisa. Vaga.

Recentemente li um livro que foi, pra mim, um dos mais fascinantes que já li. “Música, Ídolos e Poder”, de André Midani. O livro é uma viagem pela história da música e da indústria fonográfica Brasileira e Latino Americana.

André, já na década de 50 procurava, e achou, o “por que” do sucesso.
Ele relata que teve de gravar um disco (a pedido de um grande lojista), de um músico cuja qualidade era mais que duvidosa, e esse disco vendeu milhares de cópias sem que ele entendesse a razão.

Em seu cast, existiam artistas de inegável valor e qualidade que, nem com todo esforço promocional conseguiam vender.

Intrigado com o fato, André chamou em seu escritório o recordista de vendas, ORLANDO DIAS. Este, contou a Midani sua história de vida; trágica e sofrida vivida no sertão nordestino e que era retratada em suas canções.

A identificação do público foi imediata!

A partir daí, André, entrou numa corrida, ao encontro de um conhecimento, uma “bula”, para saber qual era o caminho para o sucesso.

Num encontro com amigos, onde estavam vários profissionais, dentre os quais psicólogos e psiquiatras, ele trouxe a baila o assunto que o intrigava. E desta vez teve uma explicação plausível.

O sucesso era explicado pelos meandros do consciente, subconsciente e inconsciente coletivo.

O que ocorre na verdade, é que existe uma identificação muito grande do público, com todos os fatores componentes deste artista. Desde os textos que ele escreve, até a maneira de se portar, gestos, a maneira de entoar a voz, enfim, um sem fim de detalhes que os fãs se identificam e que na verdade nem se dão conta.

 Usando o próprio Orlando como exemplo: A vida sofrida no sertão era comum a uma multidão de pessoas migradas de lá para os grandes centros, o que gerava a identificação com as canções.

Eureca!
Por isso que às vezes nos impressionamos com “sucessos que pra nós são ruins” em termos de qualidade e estética.

O fato é que a música em si fica num segundo plano, e o que vale é a mensagem e a empatia entre público e artista.

Porém esse cantar para o seu público (que fala ao inconsciente), é espontâneo, ele não racionaliza da forma como estamos descrevendo aqui: se assim o fosse, deixaria de ser espontâneo perdendo a emoção, a “verdade da alma”, que é exatamente o que gera a “liga” com o público.

Portanto, o sucesso é que sua “verdade musical” seja identificada com o sentimento do maior número de pessoas possível, sem que você mesmo saiba disso.

Abraço e sucesso a todos.