sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Maturidade Emocional

 “Façam o que eu digo, não façam o que eu faço!”


A maioria de nós já falou ou já ouviu essa frase.

Esses ditados populares, que são consagrados, realmente têm algo a nos ensinar.

Se analisarmos um pouco mais a fundo o provérbio, podemos tirar algumas lições um tanto quanto interessantes.

Vejamos.

 Não parece incoerente sugerirmos a alguém fazer algo que nós mesmos não fazemos?

Hora, se também é corrente que devemos “ensinar pelo exemplo”, pelas atitudes, então o dito acima não poderia obter tamanho êxito, não é?

Mas analisemos a frase pelos meandros da psique humana.

A consagração do dito faz todo o sentido se prestarmos atenção às contradições do que dizemos e fazemos.

Não estou querendo dizer que em tudo somos assim. É evidente que não. Mas em algum aspecto de nossa vida, poderemos ser.

Durante nossa caminhada, vamos colhendo aprendizado de todos os setores componentes de nossas vidas.

Evoluímos no trabalho, na família, no conhecimento intelectual, procurando sempre ampliar horizontes.

Agora, o que é extremamente determinante para a melhora do nosso espírito é a maturidade emocional. A capacidade de lidar com as emoções são fundamentais para nossas idas e vindas.

A maturidade emocional é libertadora de amarras. Quando sabemos nos situar, conseguimos uma dimensão mais esclarecedora das situações que estamos vivenciando.

Portanto a frase quer dizer, numa idéia mais filosófica da coisa, que em muitas situações, não conseguimos fazer o que entendemos ser o melhor.

 Sabemos sob o ponto de vista racional, que o caminho a seguir é aquele que não estamos optando no momento.

A questão é que as emoções são mais intensas do que o conhecimento intelectual e mais determinante no modo de reagir e agir.

Por exemplo: podemos saber tudo sobre cânceres, formas de tratá-lo, tipos, os grandes especialistas, hospitais. Mas se tivermos o diagnóstico da doença, vamos reagir de forma completamente emocional.
Desespero, medo, pânico, solidão e tudo o mais que aquele momento de fragilidade inspirar.

Não iremos olhar o exame e dizer “ah sim, isso é o tumor tal, esta em fase inicial, e o tratamento adequado é o X, o melhor especialista da área é o fulano...”

Cito este exemplo extremo, mas que exprime de modo mais concreto o meu pensamento.

Em vários momentos de nossas vidas não conseguimos agir do modo exato que desejamos.

Veja quão fascinante é o dito popular que, consagra no senso comum uma idéia complexa, mas que é presente em todos nós, todos os dias.

Em momentos comuns do cotidiano, na abordagem de um filho, por exemplo, quando nos damos conta já fizemos algo que em seguida achamos não ser o mais adequado. Quando vimos já aconteceu! É a atitude emocional falando muito mais alto que a capacidade racional.

E talvez alguém questione: bom se é assim, de que nos adianta falar sobre isso?

O fato é que quanto mais conseguirmos trazer nossas emoções à luz da nossa razão, mais entenderemos o porquê que aconselhamos os outros a fazerem o que nós não conseguimos.


                                         Abraços a todos.